Recentemente publicado pelo blog Criacionismo, o vídeo abaixo é como zunido de mosca-das-frutas no ouvido dos neodarwinistas:
O Dr. Marcos Eberlin, professor da Unicamp, comentou: “Parafraseando Berlinski e desafiando os ateus mimimi, e os evoteístas ‘pelejos da fé’, se você sabe como a evolução conseguiu ligar aminoácidos na sopa primordial, formando um simples peptídeo funcional, me liga. Eu te atenderei, de dia, de noite ou de madrugada. Se sabe como um RNA funcional se formou no mundo do RNA, o que catalisou a reação e de onde vieram os ingredientes; e se sabe como o cromossomo Y dos chimpanzés ficou 100% diferente do dos humanos; e como o dilema de Haldane pode ser respondido; ou como ocorreu a troca de uracila por timina no par RNA/DNA… É só ligar. Liga!”.
Um dia desses tive um curto debate com um querido evolucionista sobre as mutações (curto em tempo e oportunidade de fala, pois os evolucionistas praticamente não deixam espaço para uma argumentação contrária, mesmo que esta se mantenha apenas no campo científico, sem invocar qualquer alegação teológica; é provável que o fato de saber meu viés criacionista seja um empecilho para um diálogo igual). Na oportunidade, esse amigo evolucionista encontrou no porta-luvas do meu carro meu livro atual de leitura, “Darwin no Banco dos Réus”, de Phillip E. Jonhson. Dentre os argumentos por ele levantados, utilizando-se de uma citação do livro[1], sua argumentação básica pode ser elencada da seguinte forma:
(1) As mutações são uma ferramenta produtiva da evolução;
(2) Estas mutações têm sido provadas por modelos [matemáticos] satisfatórios em universidades de renome [e.g., USP];
(3) O livro em questão não serve como argumento válido para o assunto, uma vez que não está inserido no ‘contexto técnico correto’ (i.e., um artigo científico, dentro de uma universidade);
(4) O fator que determina o sucesso da teoria da evolução (TE) é o tempo.
Além do argumento (3) ser uma inconsistência lógica do tipo Ad Hominem, junto ao argumento subentendido sobre o autor[2] está a falácia de que argumentos válidos não poderiam vir de uma publicação deste tipo (aliás, precisam falar para o Richard Dawkins parar de falar de teologia em seus livros de “biologia”; antes, ele que vá então debater em uma universidade de teologia!). Um argumento nessa linha é impeditivo para qualquer debate de não-biólogos e não-acadêmicos (algo ilógico, veja este post). O argumento (4) requereria uma postagem à parte, numa discussão importante sobre os métodos de datação e registro fóssil. Assim, atento aqui para os argumentos (1) e (2).
O compromisso da ciência com o empirismo tem testificado que mutações não podem produzir resultados evolutivos, daqueles previstos no modelo neodarwiniano, e não são apenas criacionistas que têm dito isso. Antes mesmo de invocar o argumento da complexidade irredutível (o pesadelo de Darwin[3]), os ensaios realizados até aqui em mutações testificam que, como o próprio Richard Dawkins afirma, “virtualmente todas as mutações estudadas nos laboratórios são deletérias aos animais que as possuem.”[4] De fato, como o Dr. John Sanford, PhD em genética de plantas, retrata em seu livro “Genetic Entropy & The Mistery of the Genome” (em tradução livre):
“As mutações são fonte de sofrimento imensurável – na verdade, elas estão inexoravelmente matando a cada um de nós. Assim, as mutações são mais do que apenas uma preocupação acadêmica! Podemos dizer que mutações são boas? Quase todas as políticas de saúde visam à redução ou minimização das mutações. A maioria dos regimes de saúde individuais é destinada a reduzir as mutações, para reduzir o risco de câncer e outras doenças degenerativas. Como alguém pode ver a mutação como algo tão bom?”[5]
“A natureza esmagadoramente deletéria de mutações pode ser vista pela incrível escassez de casos claros de mutações criadoras de informação.”[6]

As conhecidas experiências de mutações induzidas nas moscas-das-frutas (Drosophila) são um exemplo clássico para as afirmações acima. Além das mutações serem induzidas, ou seja, sob o controle humano adequado, mesmo assim os resultados tem sido de “moscas com asas recurvadas, com asas partidas, com quatro asas… Ou seja, as mutações tornaram esses insetos incapazes de voar. Qual a “vantagem evolutiva” disso? […] Conclusão: quando não são deletérias (perda de informação genética), as mutações apenas promovem alterações de estruturas já existentes.”[7]
Somado a isso, o argumento (2) fica ainda mais enfraquecido, uma vez que chama à discussão os matemáticos. O fato é que a matemática é ferramenta fundamental pressuposta para o exercício da ciência. Entretanto, o desacordo entre matemáticos e evolucionistas quanto a uma possível teoria matemática para a TE chega a níveis contraditórios impressionantes [ver notas 8, 9 e 10].
Em 2000, no (excelente) artigo “A Mathematician’s View of Evolution”, ou seja, “A Visão de um Matemático sobre a Evolução”, o Dr. Granville Sewell, da Universidade do Texas, afirmou (em tradução livre), “Eu conheço um bom número de matemáticos, físicos e cientistas da computação que, como eu, são consternados que a explicação darwinista do desenvolvimento da vida é tão aceita nas ciências biológicas”.
De fato, quando os matemáticos vão para o campo probabilístico, a troca de farpas com os “biólogos” (lê-se darwinistas) é certa. O matemático D. S. Ulam argumentou que era altamente improvável que, por exemplo, um olho pudesse ter evoluído através da acumulação de pequenas mutações, porque o número de mutações teria de ser muito grande e o tempo disponível não era suficientemente longo para que surgissem (mesmo considerando a cronologia evolucionista dos bilhões de anos).[11] Sobre a contradição matemática da evolução, o matemático francês Schützenberger concluiu que “há uma considerável lacuna na teoria da evolução que não pode ser preenchida dentro da atual concepção biológica”.[12]
Mais especificamente sobre as mutações, o Dr. John Sanford acrescenta que (em tradução livre):
“Então como que as reais distribuições [estatísticas] de todas as mutações realmente aparecem? […] MUTAÇÕES BENÉFICAS SÃO TÃO RARAS QUE TIPICAMENTE NEM MESMO SÃO MOSTRADAS NOS GRÁFICOS. […] Tudo relacionado à verdadeira distribuição das mutações é contrário ao seu possível papel na evolução”.[13]
Neste ponto, Sanford argumenta que ainda que a predição de um modelo que favorece às mutações benéficas, em que existiriam 50% de probabilidade para estas, os gráficos reais têm até mesmo excluído a baixa taxa de mutações benéficas da análise.
Se não bastasse a compreensão equivocada das mutações e seu “possível papel” na macroevolução, seu caráter deletério e no máximo neutro não aponta para um processo que viabilize a TE.
Em suma, como o Dr. Sanford afirma: “As mutações são a base para o envelhecimento dos indivíduos, e mesmo agora elas estão nos levando à morte – tanto a sua quanto a minha”.[14]
Por óbvio, há também as limitações de mutações por gerações, que agravam ainda mais a relação deste fenômeno com o tempo (ou períodos de tempo). Mas fica para uma próxima postagem.
Jônatas Duarte Lima
Notas e referências
[1] A citação é: “As mutações são consideradas originárias de erros aleatórios na cópia do código genético do DNA. Supor que tal evento aleatório pudesse reconstruir até mesmo um único órgão complexo, como um fígado ou rim, é tão aceitável quanto supor que um relógio melhorado pudesse ter sido criado se lançado um velho relógio contra uma parede” (p. 48).
[2] Phillip E. Johnson é graduado em Harvard e na Universidade de Chicago. Ele foi oficial de direito do presidente do Supremo Tribunal Earl Warren e ensinou por mais de trinta anos na Universidade da Califórnia, Berkeley, onde é professor emérito de Direito.
[3] Em 1859, Charles Darwin escreveu: “Se pudesse ser demonstrado que qualquer órgão complexo existente não tivesse sido formado por modificações numerosas, sucessivas e pequeninas, minha teoria estaria absolutamente acabada”. Hoje sabemos que existem muitos órgãos, sistemas e processos na vida que se encaixam nessa descrição.
[4] Citado em Phillip E. Johnson, Darwin no Banco dos Réus, p. 47.
[5] Dr. John Sanford, Genetic Entropy & The Mistery of the Genome, p. 15.
[6] Ibid., p. 17.
[7] Michelson Borges, A História da Vida, p. 47. Leia mais sobre em: http://novotempo.com/michelsonborges/2010/08/10/cem-anos-de-pesquisas-com-a-drosophila-e-nada-de-evolucao/.
[8] Confira o ótimo texto “O Conceito de Ciência”, do físico Eduardo Lütz.
[9] O astrofísico Mario Livio, em seu muito bom “Deus é Matemático?” afirma na primeira página que não tem como sequer considerar uma teoria científica como válida sem uma teoria matemática que a embase. Contudo, na pág. 285, ele recua: “Mesmo que a seleção natural não se baseie em um formalismo matemático, seu sucesso em esclarecer a origem das espécies tem sido incrível”. O comprometimento do autor com a evolução é maior que com a ciência propriamente dita. Uma citação complementar é a da pág. 283, feita por Israïl Moseevich Gelfand: “Existe uma única coisa que é mais inexplicável que a inexplicável efetividade da matemática em física e é a inexplicável inefetividade da matemática em biologia.” Isso realmente procede se considerarmos “biologia” como apenas “evolucionismo”.
[10] O matemático e escritor inglês Ian Stewart, na empreitada de falar sobre a biomatemática, ao escrever “The Mathematics of Life”, é outro que cai nas garras da contradição. Enquanto nos primeiros quatro capítulos ele atesta da importância da matemática nos avanços tecnológicos para a pesquisa biológica e no entendimento, por exemplo, da botânica, no final do capítulo sobre a sequência Fibonacci, que antecede ao de Darwin, ele se “recompõe”: “Mas não devemos esperar conexões entre matemática e biologia que sejam universalmente válidas, sujeitas absolutamente a nenhuma exceção. Sistemas biológicos são versáteis e adaptáveis. Modelos matemáticos se aplicarão com uma certa faixa de validade, mas não é sensível esperar que se apliquem em todo lugar”. Este “lugar” se chama Teoria da Evolução, Darwinismo.
[11] Johnson, p. 48.
[12] Ibid., p. 48.
[13] Sanford, p. 21, 25.
[14] Sanford, p. 27.
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