Ladainhas de Facebook

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Um dia desses fiz a grande besteira de entrar em um dos vários grupos que propõem a discussão da controvérsia Evolucionismo x Criacionismo, no Facebook. Besteira não por buscar o diálogo honesto com outros seres pensantes como eu, independente de suas conclusões até aqui obtidas, porém, por imaginar que o ambiente poderia ser, utopicamente, “honesto” [entenderá o motivo das aspas mais à frente].

Não buscava eu, de maneira alguma, imaginar que tal grupo poderia ser só “paz e amor” e que debates mais acalorados jamais viriam à tona; longe disso. Sabemos que além de uma conversa científica, que zela [ou deveria zelar] pelo empirismo e estudo de teorias de maneira imparcial, em última instância é inevitável que tais estudos nos levem a reflexões filosóficas importantes, sobretudo no que tange à existência ou não de Deus, etc.

O grande problema do grupo é a falsa proposta de diálogo por parte dos evolucionistas que, antes de uma discussão científica e filosófica honesta (pois caso o evolucionismo fosse fato inegável esperar-se-ia que fosse, também, irrefutável pela ciência e filosofia sozinhas), baseiam-se em argumentos do tipo ad hominem, explícitos em pelo menos duas ocasiões das quais tive o desprazer de contemplar as barbaridades ali escritas.

A primeira ladainha é que “não há instituições e/ou profissionais/pesquisadores aptos a defender o criacionismo cientificamente”. De imediato, vale frisar que:

“[…] a verdade não reside na motivação dos cientistas, mas na qualidade das evidências. A motivação do cientista ou a sua tendência não necessariamente significam que esteja errado. Ele poderia ter um viés e ainda assim estar certo. O viés ou a motivação não é a questão principal – a verdade é que é.”[1]

A citação anterior é importante para salientar que antes de preferências, os dados obtidos devem ser analisados criteriosamente, mas que, sem dúvida, irão apontar para uma ou outra filosofia (veja este post). Sabendo disso, fica fácil entender o porque da existência de instituições como a Richard Dawkins Foundation e o Institute for Creation Research; contudo, somente uma poderá, no final das contas, interpretar os dados da maneira mais lógica e racional, de forma que, caso suas descobertas sejam contrárias ao seu viés, seu comprometimento com a verdade deverá [ou deveria] falar mais alto que suas motivações. O oposto a isso podemos chamar de má ciência.

O ataque a instituições de pesquisa que têm abertamente motivações filosóficas é um argumento contra os próprios evolucionistas (darwinistas). Neste sentido, seriam o Discovery Institute, Creation Ministries International e o Richard Dawkins Institute diferentes? Certamente que não. Ao que parece, todavia, é que o materialismo “cega” mais que o fideísmo.

E quanto aos profissionais? Nisto os defensores darwinistas do grupo pisaram feio na bola. Além de esquecerem de cientistas criacionistas renomados dos quais a história testifica (clique aqui), provam que seus argumentos têm fortes tons emocionais. O Dr. Marcos Eberlin é um exemplo de comprometimento científico no Brasil e no mundo. Pesquisadores renomados têm dado contribuições importantes em seus laboratórios, escavações e salas de aula sem, entretanto, deixar que suas filosofias de vida interfiram em seus resultados. Mas o fato de terem chegado a conclusões opostas ao darwinismo não deveria descreditá-los profissionalmente. Stephen C. Meyer, Michael Behe, Jonathan Sarfati, Michael Denton e Francis Collins são alguns nomes de prestígio internacional que abertamente se opõem às “verdades” evolucionistas. Desmerecê-los seria, no mínimo, desonesto. No Brasil, vale a pena conferir o currículo e motivações criacionistas de alguns pesquisadores neste livro e neste documentário.

A segunda ladainha é ainda pior. Alguém teve a coragem de dizer que “a maioria dos criacionistas são engenheiros; somente biólogos podem, ou poderiam, falar sobre a origem vida, etc…”. O nome do grupo tinha que mudar para “Só Falácia”.

Antes vale comentar acerca da interdisciplinaridade necessária na ciência, sobretudo quando falamos de ciência criminalística (histórica). Diferente da ciência empírica (operação), que é basicamente a observação que resulta nos artigos científicos a que estamos habituados, há a necessidade de formar-se um conjunto de evidências para que se determine, de maneira coerente, o cenário mais provável para a origem do Universo e da vida. Há tempos que o tal biólogo do grupo se esqueceu que as perguntas “como funciona a vida?” e “qual a origem da vida?” são bem diferentes. Mas tal afirmação não deveria ser surpresa. Jonathan Wells, biólogo molecular e celular, observa:

“Em sua maioria, os biólogos são cientistas honestos que trabalham duro e que insistem numa apresentação precisa das evidências, mas que raramente se aventuram para fora de seus próprios campos”.[2]

Prova disso está no livro do matemático Ian Stewart – que é evolucionista – The Mathematics of Life, sobre biomatemática. Falando sobre a necessidade atualíssima da interdisciplinaridade na compreensão dos sistemas biológicos:

“The interaction between mathematics and biology is one of the hottest areas of science. […] The nature of life is not just a question for biochemestry – many other areas of science have major roles in explaining what makes living creatures live. What unites them all, opening up entirely new vistas, is my sixth biological revolution: mathematics. […] It is no longer necessary to try to persuade biologists that mathematics might be useful to them.”[3]

A ignorância quanto a áreas como a biomatemática (veja este artigo), bioengenharia e biomimética demonstra, aparentemente, desatualização e/ou ignorância do biólogo. Ressalto que a consideração aqui levantada não é contra a profissão da biologia e sua autoridade quanto ao estudo dos seres vivos; antes, trata-se de uma crítica à falta de argumentos legítimos quanto à “permissão” de outras ciências buscarem respostas às questões das origens, até por que é algo filosófica e cientificamente inconsistente. Só para constar, a engenharia, enquanto ciência aplicada, é a ciência, a arte e a profissão de adquirir e de aplicar os conhecimentos matemáticos, técnicos e científicos na criação, aperfeiçoamento e implementação de utilidades, tais como materiais,estruturas, máquinas, aparelhos, sistemas ou processos, que realizem uma determinada função ou objetivo.[4] Tal desenvolvimento baseia-se na observação e replicação dos fenômenos físicos e biológicos. Em duas etapas: a engenharia se inspira na biologia (biomimética, veja um exemplo) para depois compensá-la (bioengenharia, ou engenharia biomédica). Além disso, é evidente que o conhecimento de diversos engenhos auxilia na compreensão de vários sistemas biológicos (compreensão das atividades intra e extra-celulares, etc.). Ou ainda: tente fazer biologia sem microscópio.[5]

O ápice do argumento é a falácia ad hominem em si. Além de excluir as outras ciências da investigação, o camarada quis excluir todos os não-biólogos. O que não faltam são exemplos de mestres da ciência que não eram diplomados em suas áreas; muitas vezes, nem mesmo eram cientistas. René Descartes, que revolucionou a matemática, era advogado; Michael Faraday, que nem físico era, hoje é considerado pai do eletromagnetismo e o maior físico experimental de todos os tempos. O grande problema é que, pasme: Charles Darwin não era biólogo! Aliás, o pesadelo só aumenta para os evolucionistas: Darwin era médico…e teólogo![6]

Bem, afinal, se fosse pra excluir a teoria de Darwin por conta disso, eu até concordaria.

Jônatas Duarte Lima

Referências

  1. Norman Geisler e Frank Turek, Não Tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu (Vida, 2006).
  2. Jonathan Wells, Icons of Evolution: Science or Miyth? Why Much of What We Teach About Evolution is Wrong (Washington, D.C.: Regnery, 2000).
  3. Ian Stewart, The Mathematics of Life (Basic Books, 2011).
  4. “Engenharia”, Wikipedia, a enciclopédia livre.
  5. De fato, Ian Stewart em seu livro apresenta o que ele chama de “as seis revoluções da biologia”, das quais a sexta é a matemática. A primeira revolução, curiosamente, foi a invenção do microscópio, maravilha da engenharia que mudou de uma vez por todas o entendimento dos seres vivos e a descoberta da biologia celular.
  6. Leff 2000, p. About Charles Darwin, via “Charles Darwin”, Wikipédia, a enciclopédia livre.

7 comentários Adicione o seu

  1. Manoel de Carvalho disse:

    Muito bom o texto! O viés de um cientista não pode se sobrepor à verdade.

    Curtido por 1 pessoa

  2. Ad Infinitum disse:

    Bacana seu Blog! Parabéns! Estou seguindo e curtindo … Siga o meu também ! 😀
    http://saapjr.com/

    Curtido por 1 pessoa

    1. jonatasdlima disse:

      Ad Infinitum,

      Legal! Obrigado por seguir, curtir e comentar. Já estou te seguindo também!

      Abraços, Jônatas.

      Curtir

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