[Atualizado em 02/01/2015 com tradução livre do artigo publicado]
[O post abaixo foi retirado na íntegra do site Creation.com, em um artigo geral sobre a Cronologia Egípcia e a Bíblia, de 02/09/2014. Publico abaixo a seção referente a uma questão interessante sobre a narrativa bíblica, no que tange à omissão do nome do Faraó nos livros produzidos por Moisés (Pentateuco, torah), e sua suposta divergência com relação a outros autores bíblicos, os quais na ocasião nomeariam os faraós em seus livros. A resposta é interessantíssima. A tradução segue na sequência.]
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Pharaoh’s name omitted in the first five books of the Bible
It seems significant that the words ‘Egypt’ and ‘pharaoh’ are mentioned so many times in the Pentateuch, yet the author, Moses, who was a first hand witness to what he wrote, did not mention any names or the praenomens of the pharaohs. Later, other biblical authors had no problem in mentioning their names. We read about pharaohs Shishak (1 Kings 11:40; 2 Chronicles 12:2), Tirhakah (2 Kings 19:9; Isaiah 37:9), Hophra (Jeremiah 44.30) and Neco (2 Kings 23:29; 2 Chronicles 35:20; Jeremiah 46:2), and notably on almost every occasion they have the prefix of ‘pharaoh’ before their names (Pharaoh Neco, Pharaoh Shishak and so on). Given that he had more reason for mentioning them than any other biblical author, one might think that Moses deliberately excluded them. That is, he had a strong reason for doing so.
Let’s recall the importance of names for pharaohs. Most had a minimum of five, and to use the name of the pharaoh was to give him life in this world and the next. When Egyptians used a name it granted an individual status. The cartouches were of vital significance in Egyptian times and they needed to exist after a pharaoh was dead for him to continue life in the afterworld. To remove a pharaoh’s image and scratch out his cartouche was the worst thing that could be done. It would erase his memory, and thus, his existence post death. In short, the name or cartouche had a form of power and significance attached to it, particularly the latter as it was also a representative symbol or image of the pharaoh as it ‘spoke’ his name.
Culturally, the Egyptians truly despised and disrespected their enemies and anyone who stood against them. This can be seen from their dealings and battles with foreign kings recorded in the various temples around Egypt. In the many writings that remain, particularly in the later dynasties contemporaneous with Moses, you will rarely see the name of a foreign king mentioned. To do so would be to give him credit or status. Petrovich writes:
“The answer is found in the historical development of monarchial terms. The dynastic title, ‘pharaoh’, derives from the word that literally means, ‘great house’. During Egypt’s Old Kingdom (ca. 2715–2170 BC), the word was used of the royal palace. Not until sometime during the middle of the 18th Dynasty, slightly before the reign of Thutmose III (ca. 1506–1452 BC) … the standard practice of Thutmose III’s time was to leave enemy kings unnamed on official records.”
As an example, Petrovich writes about the battle of Megiddo and an Egyptian with the conspirator King of Kadesh, where Thutmoses III merely referred to him as:
“‘that wretched enemy of Kadesh’. Moreover, when Egyptian scribes listed the booty that was confiscated after the Battle of Megiddo, they did not name the opposing king whose possessions the Egyptians plundered, referring to him only as ‘the prince’, or ‘the Prince of Megiddo’. The Amada Stele of Amenhotep II, which boasts of the king’s successful battles against seven Syrian tribes of Takhsi, identifies these foreign rulers only as ‘seven chieftains’, whose names are all left unrecorded.”
He adds:
“Therefore, Moses’ practice of omitting pharaoh’s throne-name next to the dynastic title, ‘pharaoh’, followed the standard practice of the day in ancient Egypt, not coincidentally the site of his literary training … a skilled writer named Moses, born in Egypt and trained as a prince in all of the ways of the royal court of Egypt (Acts 7:22), followed the standard practice of his day by leaving unnamed the foreign monarch who assumed the role of a dreaded enemy of his own nation, in this case Israel.”
The lack of mention of any pharaohs’ names in Moses’ writings also adds to the obvious difficulty of synchrony, until later in the New Kingdom period where the pharaohs are named in Scripture. “Shishak”, for example, is the first pharaoh named when he had dealings with the Hebrew nation.
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Texto traduzido | A omissão do nome do Faraó nos primeiros cinco livros da Bíblia
É interessante que as palavras ‘Egito’ e ‘faraó’ sejam mencionadas tantas vezes no Pentateuco, apesar de seu autor, Moisés, protagonista de seus próprios escritos, não ter mencionado nenhum nome de um faraó sequer. Em outras ocasiões, outros autores bíblicos não tiveram problema em nomeá-los. Pode-se ler sobre os faraós Sisaque (1 Reis 11:40; 2 Crônicas 12:2), Tiraca (2 Reis 19:9; Isaías 37:9), Hofra (Jeremias 44:30) e Neco (2 Reis 23:29; 2 Crônicas 35:20; Jeremias 46:2), e notavelmente em quase todas as ocasiões há o prefixo “faraó” antes de seus nomes (Faraó-Neco, Faraó-Hofra…). Dito que ele, Moisés, tinha mais motivos que qualquer autor bíblico em nomeá-los, alguém pode achar que Moisés deliberadamente os excluiu. Ou seja, que ele teve uma boa razão para tal.
Lembremos da importância dos nomes dos faraós. Muitos tinham no mínimo cinco nomes, e usar o nome do faraó era sinônimo de vida “neste mundo e no próximo” [aspas do tradutor-blogger]. Quando os egípcios usavam um nome, isso garantia um status individual. Os cartuchos (ou cartelas) eram de vital importância nos tempos egípcios e precisavam existir após a morte de um faraó, para que este continuasse sua vida no “outro mundo” [idem]. Remover a imagem de um faraó e riscar seu cartucho era a pior coisa que poderia acontecer. Isto apagaria sua memória, e assim, sua existência pós-morte. Em suma, o nome ou cartucho tinham uma forma de poder e importância em si, e particularmente o último era, também, uma representação simbólica ou imagem do faraó e seu nome.
Culturalmente, os egípcios desprezavam e desrespeitavam seus inimigos e qualquer um que fosse contra eles. Tal fato pode ser visto em seus negócios e batalhas com reis estrangeiros, registrados nos vários templos pelo Egito. Nos muitos escritos ainda existentes, particularmente nas últimas dinastias contemporâneas a Moisés, raramente é mencionado o nome de um rei estrangeiro. Tal menção poderia dar-lhe status ou crédito. Petrovich escreve:
“A resposta é encontrada no desenvolvimento histórico dos termos monárquicas. O termo dinástico, ‘faraó’, deriva de um mundo onde literalmente significa, ‘grande casa’. Durante o Velho Reino Egípcio (ca. 2715-2170 a.C.), a palavra era usada no palácio real. Não até algo próximo à metade da 18ª Dinastia, levemente antes do reino de Tutmés III (ca. 1506-1452 a.C.)… o padrão praticado nos tempos de Tutmés III era o de omitir os nomes de reis inimigos em documentos oficiais.”
Como um exemplo, Petrovich escreve sobre a batalha de Megiddo contra o conspirador Rei de Kadesh, do qual Tutmés III mal faz referência:
” ‘aquele miserável inimigo de Kadesh.’ Além do mais, quando os escribas egípcios descrevem as iguarias que foram confiscadas após a Batalha de Megiddo, eles não nomeiam o rei inimigo que os egípcios saquearam, referindo-se a ele apenas como ‘o príncipe’, ou ‘o príncipe de Megiddo’. A Amada Stele de Ament-hotep II, que se gloriou do sucesso do rei nas batalhas contra sete tribos Sírias de Takhsi, identifica esses líderes apenas como ‘sete caciques’, dos quais os nomes não foram registrados.”
Ele acrescenta:
“Portanto, a prática de Moisés em omitir o nome dos faraós, mantendo apenas seus títulos, segue o padrão praticado nos dias no Egito Antigo, e não por acaso o local de seu treino acadêmico… um habilidoso escritor chamado Moisés, nascido no Egito e treinado como um príncipe conforme o costume da corte real egípcia (Atos 7:22), seguiu o padrão praticado de seus dias, deixando oculto o nome do monarca estrangeiro que assumiu o papel de inimigo de sua nação, no caso Israel.”
A falta de menção de quaisquer nomes de faraós nos escritos de Moisés também acrescenta a óbvia dificuldade de relações entre nações, até o período do Novo Reinado aonde os faraós são nomeados na Escritura. “Sisaque”, por exemplo, é o primeiro faraó mencionado por fazer negócios com os Hebreus.
Referências (no site)
Amenhotep II and the Historicity of the Exodus Pharaoh, biblearchaeology.org/post/2010/02/04/Amenhotep-II-and-the-Historicity-of-the-Exodus-Pharaoh.aspx, 3 December 2013.
O Comentário Bíblico Adventista diz que Tutmés III era o rei do Egito até o momento em que Moisés fugira do Egito. Tutmés morreu em 1450 a.C., após reinar por 32 anos. Documentos antigos do Egito revelam que Tutmes III foi sucedido no trono po seu filho Amenhotep II, um rei cruel e implacável. Seu caráter, conforme reveldo por registros seculares, concorda bem com o faraó obstinado que intensificou a opressão dos israelitas quando Moisés intercedeu em por seu povo no tempo do derramamento das pragas. Comentário Bíblico Adventista, pg. 538
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